domingo, 9 de dezembro de 2012

Nada

A escuridão,as trevas, o mundo sombrio, aquilo a que chamei casa
A solidão, a morte, o sangue, o ódio
Velhos amigos, companhias que outrora povoavam os meus dias
Regressam a casa, procuram o conforto do meu colo, o calor do meu abraço
A solidão, chora e pergunta porque é que a abandonei....
A morte, pergunta se tenho saudades dela, e das noites em que dançamos juntos
O Sangue, pergunta se tenho saudades das caricias que ele me fazia na pele, em noites frias
O ódio, pergunta quando é que torno a vestir a armadura que me protege do mundo
O meu mundo solitário, sombrio povoado por anjos, demónios e criaturas sombrias
A minha dor,os meus ódios, desejos impulsivos de mortes violentas goreanas
O regozijo de ver morrer todos aqueles que se atravessam no meu caminho
Embriagar-me no sangue de um cadáver ainda quente depois da chacina
Os olhos de alguém que em prantos suplica pela própria vida
O ultimo batimento cardíaco, o ultimo suspiro, o olhar lasso
As cores dos meus dias desvanecem retornando a cor original
O simples preto, a escuridão,o nada, o mero vago insistente
O estar morto, o renascer, o tornar a morrer para renascer na morte
Estar morto no meio dos vivos, fingir emoções, fingir sentimentos
Voltar a ter o coração congelado e trespassado por espinhos negros feitos de puro ódio
O retomar ao inferno, os gritos e suplicas dos condenados, os rios de lava
Os céus negros de nuvens vermelhas, chove sangue que contrasta com a lua cheia
Árvores despidas, retorcidas de galhos imponentes e flores negras de cheiro putrefacto  
Estive fora durante muito tempo
Mas tudo está exactamente como me lembro
 Mortal não serei, pois essas criaturas são efémeras e facilmente caem no esquecimento
Mortal não serei, pois essas criaturas tem sentimentos, sofrem e são frágeis
Mortal não serei, pois essas criaturas são inconstantes, contraditórias e redundantes
Anjo não serei, pois bondade,misericórdia e perdão não quero conceder nem quero que me concedam
Anjo não serei, pois não sou imaculado nem o pretendo ser
Anjo não serei, pois já fiz sofrer e sofri com o sofrimento causado
Anjo não serei, pois nunca vi os meus pecados absolvidos,perdoados e esquecidos
Sou o demonio a quem deram asas de anjo
Sou o demonio que durante muito tempo habitou o quarto céu
Sou o demonio que nunca mais irá negar os seus pecados 

Sou o demonio que quase se tornou anjo, e que agora se recusa a ser um mero mortal

Sou eu, o mero vago insistente, a ausência, o zero absoluto, a dor da partida, a dor da ausência, a saudade, sou aquilo que deixaste

 Sou o desejo de te ter de volta, sou a esperança de te ter nos meus braços, sou a ânsia de te tornar a beijar, sou tudo aquilo que ficou por fazer e espera ser realizado, sou o eterno TU no meu EU que quer retornar a TI, nem que isso leve uma eternidade.

Sou tudo isto, sendo que tudo isto para já é nada e nada é o que eu sou




 




 















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